terça-feira, 15 de novembro de 2011

Viva a República, viva?























Uma grande e pertinente indagação abre o novo post: “Viva a República, viva?”.


Evidentemente, existe a satisfação em ser proclamado algo que, de fato, representa um marco importante na história do país: primeiro, porque rompe com a caduca monarquia, e, segundo, porque, finalmente, surge a posição de elevar o país ao estágio de República, onde quem governaria esta seria um presidente eleito pelo povo, ou seja, um representante do povo.


Por alto, parece uma grande mudança na história do Brasil e de seu povo, mas basta analisar com detalhes as aspirações pela República e este novo governo presidencialista, para rapidamente serem notados os interesses e as eventuais fragilidades que o cercava.


A aspiração pela República interessava principalmente os interesses dos magnatas cafeicultores do oeste paulista, os quais acreditavam – com provas – na injustiça do poder centralizado, que não beneficiava seus valiosos negócios, além de serem amantes do ideal positivista – a elite brasileira e renomados intelectuais, como Tobias Barreto, adotaram os ideais de Comte, os quais afirmavam que para o “progresso” da nação dever –se-ia manter a “ordem”, sendo, então, instalada a “ditadura dos sábios”, que mais se assemelhava a “ditadura da elite”; nesta perspectiva, a luta de classes fora menosprezada, pois só os homens instruídos deveriam conduzir a sociedade e seus anseios, mas e o povo, onde ficava?


Outra frustração era a tal reforma política outorgada pela nova Constituição, a qual decretava quem governaria o país, que seria um homem eleito pelo povo, não mais pelos dedos onipotentes de Deus, afirmando o sufrágio universal. Mas que povo era este?


Analfabetos, mulheres e menores de 21 anos, não podiam votar – já ia metade do povão; a Constituição decretava, também, que o voto NÃO era secreto, ou seja, o patrão sabia em quem seu peão iria votar, bastava ler seu voto: coitado do peão que não votasse num candidato que representasse os interesses do patrão! Então, a quem mais interessava estas eleições? O presidente eleito daria ouvidos ao povo?


E hoje, quem é ouvido primeiro pelos nossos governantes, os mega interesses dos novos magnatas, não mais cafeicultores, mas agiotas, especuladores imobiliários e banqueiros, ou os anseios dos professores, estudantes e operários, por exemplo? Deixaremos a perene marca positivista, inserida em nossa bandeira – “ordem e progresso” – representar a mordaça do povo subserviente ao mesmo tempo em que garante o progresso de uma elite onipotente; ou agiremos para pôr em prática o que está previsto na Constituição de 88, o direito do cidadão? Hoje, a FIFA tenta acabar, com direitos conquistados por estudantes e aposentados, como a meia entrada durante a Copa de 2014, basta saber quem Aldo Rebelo ouvirá primeiro, serão as exigências fúteis da FIFA ou os direitos do povo?


Que a República ouça os anseios do povo, pois a luta por justiça e direitos não fora construída pela boa vontade de poucos, mas pelo sangue de muitos. Como já dissera um famoso capoeirista carioca, durante a Revolta da Vacina: “essas coisas são boas para o governo saber que negada não é carneiro não!”.

4 comentários:

  1. Concordo
    Voçe falou a mais pura verdade que existe no mundo atual!.

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  2. Justiça é tudo com certeza. Já vivi por muita injustiça nessa vida. Espero que tudo melhore.

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  3. Na república o povo escolhe o seu representante, porém nunca há alguém bom para representar.

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