
Chegado o esperado dia, tudo conspirava para uma despedida fabulosa, tranquila e sem excessos. Mas, se assim fosse, não seria rock´n roll, muito menos a nossa eterna “ovelha negra”; já dizia nossa Ritinha: “lembre-se meu filho: Deus não pôs o filho dele na cruz para você se sentir coitado. A vida é curta, brinque”.
Sem delongas – acredito que nem preciso dizer o que aconteceu, todos já devem saber -, vamos ao que interessa: Rita desacatou a “função positivista” da PM, ou apenas desabafou sobre a “suposta” truculência dos milicos? Peço licença para fazer uma breve analogia entre esta “suposta” truculência no evento, com a nítida truculência da PM de São Paulo – me refiro à repreensão feita pela PM aos pobres moradores da favela do Pinheirinho; a PM lá chegou com seus dois mil homens, 220 veículos, 40 cães e 100 cavalos; dispersando crianças, velhos e grávidas com bombas e gás de efeito moral!
Até que ponto a perspectiva de “cumprir ordens” deve ser tolerada? Não existiria uma forma de humanizar o tratamento da polícia para com o povo? O correto é “servir e proteger” o povo, ou seguir ordens, que, bem provavelmente, não vem do povo? Segundo Toninho Ferreira, advogado do Pinheirinho, a Lei de Obediência, deve ser revista, afirma ele: “se a polícia achar que a ação está errada, não faça!”. Para a deputada Ana Lúcia (PT-SE), deve haver um curso de humanização da polícia, que segundo ela: “continua a ser treinada para reprimir, nos mesmos moldes da ditadura”. Quero lembrar que muitos policiais também defendem projetos semelhantes.
Voltando ao show da Rita, a confusão levanta alguns, pertinentes, debates: o espectro da maconha e a forma de abordagem truculenta da PM. Ué? Tudo isso por causa de um baseadinho? Rita foi presa, a vereadora de Alagoas, Heloísa Helena (PSOL-AL) testemunhou a favor de Rita, ajudando-a a sair do embaraço. Atitude contrária teve o governador do Estado, Marcelo Déda (PT-SE), que já se pronunciou, afirmando que irá processar a “irresponsável”, segundo palavras do próprio, com o objetivo de devolução do dinheiro pago antecipadamente para a cantora.
Não poderia ser melhor a despedida, como Rita mesma diz: “FAÇA HOJE, AMANHÃ PODE SER ILEGAL”. E para você, querido leitor, o que houve: desacato ou desabafo?